Praia de Pipa (RN) ganha hostel nudista voltado para homens gays, bissexuais e trans

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Localizado em Pipa, um dos destinos mais charmosos e vibrantes do litoral nordestino, o Pelados Beach Hostel abriu suas portas recentemente propondo uma experiência acolhedora para o público masculino, sobretudo para gays, bissexuais, homens trans e pessoas não binárias. Inspirado pela filosofia nudista, o espaço busca oferecer algo além do convencional. Segundo seu idealizador, Reginaldo Telles, a ideia é criar um ambiente de respeito e interações significativas, fugindo de estigmas associados a saunas, dark rooms e espaços encontros escusos.

Pelados Beach Hostel - Foto: @gayblogbr
Pelados Beach Hostel – Foto: @gayblogbr

O hostel vai além de um simples local de hospedagem. A ideia central é promover um espaço de convivência em que a nudez seja naturalizada, mas sempre em um contexto de respeito mútuo. Segundo o fundador, o Pelados Beach Hostel quer romper com os estigmas que ainda cercam a nudez masculina, especialmente em ambientes voltados ao público LGBTQ+. “Queremos criar um lugar onde todos se sintam emocionalmente seguros e possam estabelecer conexões reais, sem as pressões e os julgamentos que encontramos em outros espaços sociais”, afirma Telles.

A atmosfera do local é complementada por atividades culturais como música ao vivo, noites de poesia e conversas filosóficas, reforçando o conceito de um turismo alternativo focado na troca de experiências entre os hóspedes. O hostel também se beneficia da estrutura turística de Pipa, que oferece uma rica vida noturna, bares e restaurantes, além de atividades ao ar livre, como trilhas e passeios para observar golfinhos e tartarugas

Reginaldo Telles - Foto: @gayblogbr
Reginaldo Telles – Foto: @gayblogbr

“Destino com uma infraestrutura”

Anteriormente, Reginaldo havia aberto o hostel na Paraíba. Ao GayBlogBr, o empresário comenta como se deu a reformulação do empreendimento: “Na época, o espaço era mais aberto, voltado para todos os públicos. No entanto, com o tempo, percebemos que o nu masculino precisava de um lugar específico. A dinâmica que acontecia no hostel era marcada pela presença de pessoas envolvidas no swing, especialmente no contexto hétero, o que não se alinhava completamente com nossa proposta. Esse tipo de público trazia consigo uma forma de comunicação muito particular, que não correspondia ao ambiente que queríamos criar. Além disso, havia a questão do nu feminino, que tem toda uma história e uma delicadeza diferente, já que o homem pode ter uma atitude mais impulsiva, não compreendendo sempre o tempo e a sensibilidade necessários nesse contexto. Por isso, concluímos que era importante criar um espaço dedicado ao nu masculino, incluindo homens trans, desde que fossem identificados com o gênero masculino. Outro ponto que influenciou essa mudança foi a localização. Inicialmente, estávamos em Tabatinga, próximo a Tambaba, que já era um local conhecido pelo naturismo. Porém, embora houvesse um movimento interessante por lá, faltava estrutura turística, como bares e restaurantes, o que não incentivava as pessoas a permanecerem por muito tempo. As pessoas iam, ficavam uma ou duas noites, e seguiam viagem. Já em Pipa, encontramos um destino com uma infraestrutura muito mais rica e variada, com praias belíssimas, uma vida noturna agitada, diversos bares e baladas, além de uma gastronomia riquíssima. Aqui, oferecemos uma proposta diferente, com uma piscina onde os hóspedes podem curtir música, poesia e momentos de reflexão, em um ambiente de desenvolvimento pessoal e ideias. Nosso foco é criar um espaço de conexões, algo que vai além da simples hospedagem. Queremos que as pessoas se conheçam, troquem experiências, estabeleçam amizades e até paquerem, mas de uma forma orgânica, durante o dia, sem a necessidade de ambientes fechados ou escuros, como os dark rooms”.

– BKDR –

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Diferentes abordagens à nudez e convivência 

Telles, ao longo de sua experiência no Pelados Beach Hostel, observou diferenças notáveis entre os turistas brasileiros e estrangeiros, especialmente no que se refere ao nudismo e à convivência em um espaço queer-friendly: “Os públicos brasileiro e estrangeiro têm perfis bastante interessantes e diferentes. O público estrangeiro, por exemplo, geralmente é muito mais cuidadoso e respeitoso quando se trata do corpo nu. Eles tratam essa questão com muita delicadeza, pois em seus países o naturismo é visto de maneira mais respeitosa. Para eles, é algo muito delicado, como a questão de tocar alguém sem permissão, e temas como assédio são levados muito a sério. Eles já vêm com uma educação mais antiga em relação a esse universo. Noto isso especialmente quando o estrangeiro chega ao Brasil. Tenho mais de 20 anos de experiência na hotelaria, trabalhando com o público LGBT em destinos turísticos como Rio de Janeiro, Jericoacoara, Morro de São Paulo, Itacaré, Salvador, entre outros. Esses lugares estão na rota do turismo internacional, então eu aprendi a lidar muito bem com esse público, até pela facilidade que tenho em falar francês, inglês, espanhol, além do português. Já vivi na França e nos Estados Unidos, o que me deu uma intimidade maior com diferentes culturas. O estrangeiro que vem ao Brasil geralmente busca novas experiências. Ele quer algo diferente do que está acostumado em seu país, e o Pelados Beach Hostel oferece justamente isso: uma experiência única dentro do universo nudista, com uma atmosfera intimista e artística, muito orgânica e intensa. Eu sempre digo que essa é uma vivência para pessoas que buscam algo emocionalmente marcante.”

No Pelados Beach Hostel, as atividades e eventos oferecidos visam uma imersão em arte, filosofia e convivência naturalizada com a nudez. Reginaldo, o fundador, explica que o hostel busca proporcionar um espaço para trocas mais sensíveis e significativas, e isso se reflete nas conversas filosóficas que frequentemente acontecem por lá. “Recebemos muitos professores, inclusive de filosofia, e de várias outras áreas. É interessante como essa troca de ideias se dá de forma muito natural aqui”, comenta ele. “A arte aqui é uma sensação, um movimento, que nem sempre está diretamente na música ou na poesia, mas muitas vezes está no simples ato de trocar ideias de maneira sensível”, explica. Essas interações são sempre realizadas em um ambiente praiano, que favorece esse tipo de convivência mais orgânica.

Além de promover essas trocas, o Pelados Beach Hostel se posiciona como um conector entre os hóspedes, criando um espaço onde a interação é o ponto central. “Nosso principal objetivo é conectar as pessoas, que é o que se espera de um hostel comprometido com essa proposta de oferecer uma experiência que vai além da estadia, focada na interação entre os hóspedes”, afirma Reginaldo.

Em Pipa, há vários pontos que são amigáveis ao público LGBT, e Reginaldo destaca o Astral Gastrobar, localizado na Praia do Madeiro, como um dos mais especiais. Ele descreve o local como uma das barracas mais charmosas da praia e menciona o proprietário, Adilson, com quem mantém uma parceria sólida. “A gente indica clientes para ele, e ele indica hóspedes para cá, porque nosso objetivo é fortalecer a classe”, afirma Reginaldo. Essa parceria não é por interesse comercial direto, mas sim pela ideia de criar uma rede de apoio e confiança dentro da comunidade.

Nudismo como ferramenta de liberdade e respeito

A visão sobre o nudismo ainda pode estar repleta de preconceitos, mas Reginaldo se empenha constantemente em desmistificar esses estereótipos no Pelados Beach Hostel. Ele explica que há uma diferença fundamental entre o naturismo e o nudismo: “No naturismo, há regras mais rígidas, como a obrigatoriedade de receber todos os públicos, incluindo crianças e mulheres, enquanto o nudismo, no caso do hostel, é mais voltado para o público masculino. Embora o hostel não receba mulheres regularmente, existe um plano de abrir um dia na semana para que elas também possam frequentar o espaço.”

Reginaldo também comenta que muitas vezes o nudismo é confundido com a ideia de permissividade sexual, o que não é verdade. “A nudez aqui não significa que algo necessariamente vai acontecer”, ele explica, reforçando que, mesmo em um ambiente nudista, o respeito pelos limites do outro é fundamental. “Tudo pode acontecer, inclusive nada”, acrescenta, referindo-se à naturalização da nudez e das interações humanas de forma respeitosa.

Para ele, o principal é educar os hóspedes sobre as regras de convivência e a filosofia por trás do nudismo: “As regras são claras: não se pode tocar em alguém sem permissão, e é essencial respeitar os limites do outro. Essas normas, que podem parecer óbvias, são cruciais para manter o ambiente seguro e acolhedor para todos”. Reginaldo destaca que, especialmente para o público estrangeiro, essas regras já são bem conhecidas, pois muitos vêm de países onde o naturismo e o nudismo são práticas comuns e respeitadas. “As regras lá fora são parecidas com as daqui, a diferença é que aqui estamos sem roupas, mas o respeito é o mesmo”, pondela ele.

No futuro, uma comunidade de liberdade e arte

Reginaldo Telles compartilha planos ambiciosos e criativos para o futuro do Pelados Beach Hostel. Ele menciona a ideia de criar uma comunidade mais estruturada em torno do conceito de liberdade e arte, com a construção de chalés e pequenos comércios, como uma quitandinha ou mercadinho, onde os próprios moradores ou hóspedes possam vender seus produtos. Essa visão envolve não apenas hospedagens temporárias, mas também a possibilidade de as pessoas alugarem espaços por períodos mais longos, como um mês, por exemplo. Todavia, o foco continua sendo a naturalização da convivência e da nudez, com a proposta de criar uma “comunidade livre”, algo semelhante a outras comunidades naturistas que já existem, mas com uma pegada nudista, e não necessariamente naturista. Reginaldo ressalta que essa ideia envolve a manutenção dos princípios de liberdade, respeito e arte, que já fazem parte do conceito atual do hostel.

Pelados Beach Hostel - Foto: @gayblogbr
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