Celebrando 20 anos de carreira, o ator Ed Moraes (41) se prepara para estrear a série documental “Betinho: No Fio da Navalha”, uma produção do Globoplay, no próximo 1º de dezembro, data estabelecida pela ONU como “Dia mundial em resposta à Aids”. Neste projeto, Ed interpreta o escritor, sociólogo, jornalista e guerrilheiro brasileiro Herbert Daniel, integrante da luta armada contra a Ditadura Militar brasileira, instalada no país entre 1964-1985.
“Ele foi uma figura de liderança em vários movimentos. Reprimiu a sua sexualidade em prol do momento político que vivíamos e escolheu não falar publicamente até partir do Brasil. Exilou-se em Portugal e depois na França. Ficou muito conhecido como o último exilado político a voltar ao Brasil”, conta Ed Moraes sobre Herbert Daniel.
“Foi parceiro de Betinho em várias lutas, entre elas, a conquista da medicação para o tratamento de HIV no serviço público brasileiro. Fundou o grupo Pela Vidda que existe até hoje e auxilia PVHIH (Pessoas que vivem com HIV). Participou de diversas entrevistas para a televisão, entre as que mais se destacam são uma no programa do Jô Soares e um especial na Manchete sobre ele e seu marido Cláudio Mesquita. Foi candidato a deputado Estadual em 1986 pelo PT e um dos fundadores do Partido Verde. Morreu em 1992 por complicações decorrentes da Aids”, explana o ator.
Para se aprofundar no papel, o ator paulista realizou extensas pesquisas e estudos: “Tinha ouvido pouquíssimas coisas sobre o Herbert e assim que fui chamado para o teste li tudo que achei, inclusive quase todos os livros e alguns artigos que ele escreveu”.
Ed menciona chegou a procurar a ex-presidente Dilma Rousseff na preparação para o papel: “Mesmo a série ‘Betinho’ não mostrando o Daniel no seu período de guerrilha, fiz questão de contatar a ex-presidenta Dilma Rousseff, que foi amiga e companheira dele na luta armada, e ela se prontificou a ajudar na pesquisa e preparação. Infelizmente a agenda de compromissos dela não permitiu nosso encontro pessoalmente. Para ajudar compor o personagem busquei também as entrevistas dele para entender a sua articulação e expressão. Também conheci parte da sua família e pessoas que conviveram com ele, tudo isso foi importante para o resultado”.
“Graças a todos, temos hoje no país a medicação para o HIV no SUS. Eles são parte de um grupo responsável por cobrar e exigir ao Sistema Nacional de Saúde a importação a medicação. Muitas outras pessoas se movimentaram e conseguiram com que tivéssemos um serviço público de assistência as PVHIV (Pessoas que vivem com HIV) que funciona até hoje como referência a vários países (onde ainda a medicação é paga)”, ressalta Moraes.
O ator cita ainda que se emocionou ao conhecer a história que iria viver e teve momentos da trama de Herbert que o atravessou de forma pessoal: “Conhecer a fundo a importância dele na luta contra a Ditadura foi bem importante, mesmo não tendo esse período na série, porém descobrir que ele foi o último exilado político a ser anistiado, provavelmente por ser homossexual assumido, o que me dilacerou o coração. Defender e ser um dos precursores do discurso que existe vida após diagnóstico (que, aliás, originou o nome a organização que ele fundou e funciona até hoje, o ‘Grupo Pela Vidda’) também foi de extrema importância no entendimento do personagem e me emocionou profundamente. O lema ‘morte social’, criado por ele, elucida bem o que a sociedade sente perante as PVHIV”.
Na série, Betinho é vivido pelo ator Júlio Andrade, enquanto Humberto Carrão interpreta Henfil, João Fenerich faz Cláudio Mesquita (marido de Herbert Daniel). O elenco conta também com nomes como Ravel Andrade (como Chico Mário), Leandra Leal (como Irles Carvalho), Andréia Horta (como Nádia Rebouças), Julia Shimura (como Maria Nakano), Carlos de Niggro, Filipe Bragança (como Daniel de Souza), Mouhamed Harfouch (como Chico Buarque), Elá Marinho (como Elis Regina), Michel Gomes, Luiz Bertazzo, Walderez de Barros, Silvia Buarque, Antonio Haddad, Fafá Rennó, Rodrigo Pintto e Thelmo Fernandes.
“Podem esperar uma estória envolvente, original e emocionante de um herói brasileiro na luta contra a fome. Foi ele o responsável pelo projeto que originou o ‘Fome Zero’. Com certeza foi um dos seres humanos mais incríveis da história, o público verá pessoas que vale a pena conhecer, figuras ao redor dele que o ajudaram e foram de extrema importância, seja como Herbert Daniel ou dona Teresinha, uma senhora que ajudava os mais necessitados e foi procurar Betinho para ajudar nessa distribuição. É dela a frase ‘Quem tem fome tem pressa’ que ficou marcada na história da ONG Ação e Cidadania fundada por Betinho”, completa o ator.
Paralelamente, Ed Moraes atua em “Notícias Populares”, do Canal Brasil, onde dá vida a Gibran, editor de esportes do jornal. “Foi um grande presente do diretor Marcelo Caetano esse personagem”, diz o ator, descrevendo Gibran como uma figura astuta e ambiciosa.
Além de sua atuação na TV e streaming, o ator, que é nascido São Matheus, periferia da Zona Leste de São Paulo, também destaca seu trabalho no teatro: particularmente na peça “Eu Não Sou Harvey”, sobre Harvey Milk. Ele expressa o desejo de levar o espetáculo para San Francisco, nos Estados Unidos. Para mais informações sobre o trabalho de Ed Moraes, acesse o site oficial e seu Instagram.
BETINHO
Herbert José de Souza, conhecido popularmente como Betinho, sociólogo marcante na história do Brasil por sua luta incansável contra a fome, a defesa das causas sociais e a desestigmatização em torno do HIV.
Além de ser um símbolo do combate à fome, Betinho também teve um papel crucial na resistência à Ditadura Militar. O mineiro de Bocaiuva não apenas lutou pela democracia e reforma agrária, mas também concebeu e se dedicou ao projeto Ação da Cidadania.
Seu ativismo ganhou ainda mais relevância após ser diagnosticado com HIV em 1986, consequência da hemofilia, uma condição que compartilhava com seus irmãos. Betinho transformou sua luta pessoal em um movimento de defesa dos direitos de pessoas vivendo com HIV, fundando e presidindo a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Sua vida foi um testemunho de resiliência e compromisso com as causas sociais, marcando profundamente a história brasileira até sua morte em 1997.
Assista ao teaser de “Betinho: No Fio da Navalha”:
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