A redesignação vocal é um procedimento cada vez mais procurado por pessoas trans que desejam alinhar o tom de voz à sua identidade de gênero. A técnica pode tornar a voz mais grave ou aguda, dependendo das necessidades de cada paciente, e é vista como um avanço significativo no cuidado integral para pessoas trans, especialmente para aquelas que enfrentam desconforto com a discrepância entre a voz e sua identidade.
Segundo o médico especialista em otorrinolaringologia, Guilherme Catani, do Hospital Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO), localizado em Curitiba (PR), os hormônios feminilizantes, como estrógenos e anti-andrógenos, não alteram a voz de mulheres trans, ao contrário dos hormônios masculinizantes usados por homens trans. Ele fala, ainda, sobre como uma voz que não condiz com a identidade da pessoa pode gerar problemas de segurança: “Ter uma voz que não corresponde à sua identidade de gênero também pode causar problemas de segurança, como assédio, em certas circunstâncias”.
Técnicas disponíveis para redesignação vocal
O hospital destaca algumas abordagens possíveis para modificar a voz.
- Glotoplastia: Indicada principalmente para mulheres trans, ajusta a tensão das pregas vocais, tornando a voz mais aguda. O procedimento pode ser realizado junto com a redução do Pomo de Adão (Condroplastia) para um processo de feminização vocal mais completo. É uma cirurgia intraoral, que evita cicatrizes visíveis, dura de uma a uma hora e meia, e requer anestesia local ou geral. “A cirurgia é bastante segura, não deixa cicatrizes perceptíveis e tem o tempo de internação menor que 24 horas”, destaca Catani.
- Tireoplastia: Esta técnica é usada para tornar a voz mais grave, principalmente em homens trans ou cis que não obtiveram o resultado esperado com a terapia hormonal. Ela altera as cartilagens da laringe para produzir um tom vocal mais baixo e ressonante. É um procedimento reversível, realizado por uma incisão no pescoço. Apesar da recuperação ser pouco dolorosa, o repouso vocal é recomendado por sete dias.
Ambos os procedimentos têm recuperação rápida, com alta hospitalar geralmente no mesmo dia, e são realizados sob anestesia local ou geral.
Papel da terapia de voz e cuidados pós-operatórios
Além da cirurgia, a terapia vocal é essencial para trabalhar aspectos como entonação, ritmo e expressões faciais. Esses elementos complementam o processo de redesignação vocal, promovendo uma adaptação mais natural e confortável para o paciente.
Ademais, Catani reforça que mudar a voz é um processo altamente pessoal que pode levar tempo para ser plenamente assimilado. “A maneira como as pessoas falam, incluindo seu estilo, voz e escolha de palavras, é altamente pessoal. Além disso, lembre-se de que mudar sua voz pode levar anos e essas mudanças podem parecer desconfortáveis ou inautênticas no início”, destaca o especialista.
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