Versão queer de ‘O Retrato de Dorian Gray’ estreia no Espaço Parlapatões, em SP

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Entre 18 de setembro e 30 de outubro, o Espaço Parlapatões, no centro de São Paulo, recebe uma nova adaptação da obra “O Retrato de Dorian Gray”, romance de Oscar Wilde publicado originalmente em 1890. A montagem, com roteiro de Cica Moura e direção de Rafael Pucca, propõe uma leitura contemporânea e assumidamente homoafetiva da narrativa, destacando o subtexto queer que, à época de sua publicação, contribuiu para a censura da obra e a condenação de seu autor.

'O Retrato de Dorian Gray' estreia no Espaço Parlapatões, em SP - Foto: Diego Fernandez
‘O Retrato de Dorian Gray’ estreia no Espaço Parlapatões, em SP – Foto: Diego Fernandez

A produção, realizada pela Má Companhia de Teatro Paulista, conta com apoio institucional do SCRUFF, aplicativo de relacionamentos voltado ao público gay, bissexual, trans e queer. A iniciativa reafirma o papel do aplicativo como agente cultural ao fomentar projetos que resgatam e valorizam a memória LGBTQIAP+ nas artes cênicas.

A história, centrada na figura de um jovem aristocrata que troca a alma pela manutenção da juventude e da beleza, é aqui reconstruída como um drama marcado por um triângulo amoroso entre três homens. “Acho importante que mais de 100 anos depois O Retrato de Dorian Gray possa ser representado como não poderia na época de seu lançamento; um trágico triângulo amoroso entre três homens”, afirma Cica Moura. “Muitas pessoas ainda acreditam na não-existência de pessoas LGBTQIAP+ no passado, por conta do silenciamento e apagamento desse tipo de narrativa. Tiramos os personagens de Oscar Wilde do armário como forma de mostrar que sim, nós sempre existimos e não, não vamos a lugar algum.”

'O Retrato de Dorian Gray' estreia no Espaço Parlapatões, em SP - Foto: Diego Fernandez
‘O Retrato de Dorian Gray’ estreia no Espaço Parlapatões, em SP – Foto: Diego Fernandez

Henrique Caetano Prado, que estreia nos palcos como protagonista, vê na peça um reflexo das contradições do presente: “Para muitas pessoas LGBTQIAP+, principalmente homens gays, O Retrato de Dorian Gray ocupa um lugar como primeiro clássico a tratar do tema da homossexualidade. Acho que essa história é mais relevante hoje do que ela já foi nas últimas décadas. A gente vive a era da rede social, do individualismo, do hedonismo, e o Dorian é a versão vitoriana escancarada disso.”

O diretor Rafael Pucca destaca a intemporalidade da obra: “Infelizmente, esta obra de Oscar Wilde se mantém cada vez mais atual e parece que será atemporal, pois a eterna juventude e beleza idealizada nunca foram tão desejadas, principalmente com a febre das redes sociais, que nos torna ainda mais escravizados à nossa própria imagem reproduzida nas telas.” Segundo ele, a encenação busca tratar a sexualidade dos personagens “sem culpa, ou pelo menos até certo ponto”, e explorar “os silêncios, as tensões e intenções escusas” do texto.

'O Retrato de Dorian Gray' estreia no Espaço Parlapatões, em SP - Foto: Diego Fernandez
‘O Retrato de Dorian Gray’ estreia no Espaço Parlapatões, em SP – Foto: Diego Fernandez

O romance de Wilde, publicado em um periódico inglês conservador, foi alvo de forte reação moralista e tachado pela crítica como uma “obra venenosa”. O subtexto homoerótico do livro foi amplamente atacado. Anos depois, o autor seria condenado a dois anos de prisão com trabalhos forçados por manter um relacionamento com um homem mais jovem. Morreu em Paris, em 1900, pobre e exilado, tendo sua obra banida das prateleiras britânicas por décadas.

Mesmo assim, “O Retrato de Dorian Gray” consolidou-se como ícone da literatura moderna, comparável em impacto a figuras como Drácula, de Bram Stoker, e Frankenstein, de Mary Shelley. Seu protagonista — símbolo de vaidade, juventude e corrupção moral — permanece atual em tempos marcados pela estética das redes sociais e pela obsessão pela imagem.

“Apesar das adversidades, O Retrato de Dorian Gray continua um texto tão belo, jovem e intrigante quanto na época de seu lançamento. Dorian alcançou, enfim, a imortalidade que tanto almejara”, conclui o roteirista.

Serviço:

O Retrato de Dorian Gray
Local: Espaço Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158, Consolação, São Paulo/SP
Datas: Quintas-feiras, de 18/09 a 30/10; Sextas: 03 e 10/10
Horário: 20h30
Duração: 1h30
Classificação: 16 anos
Ingressos: R$ 80 (inteira) | R$ 40 (meia)
Vendas: Sympla

Instagram: @doriangrayapeca

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