“É com a mais profunda tristeza que eu comunico a morte do meu marido, David Miranda. Ele iria fazer 38 amanhã. Sua morte, no início desta manhã, ocorreu após uma batalha de 9 meses na UTI. Ele morreu em paz, cercado por nossos filhos, pela família e por amigos“, escreveu o jornalista no Twitter.
Em outro trecho, Greenwald disse: “Isso deu a David a chance de viver todo o seu potencial em uma sociedade que muitas vezes o sufoca. Ele foi essencial para a história de Snowden, tornou-se o primeiro homem gay eleito para a Câmara Municipal do Rio, depois para o Congresso Nacional aos 32 anos. Ele inspirou muitos com sua biografia, paixão e força de vida”.
It is with the most profound sadness that I announce the passing away of my husband, @DavidMirandaRio. He would have turned 38 tomorrow.
His death, early this morning, came after a 9-month battle in ICU. He died in full peace, surrounded by our children and family and friends. pic.twitter.com/wtRvGyJyGl
— Glenn Greenwald (@ggreenwald) May 9, 2023
O ex-parlamentar foi internado no dia 6 de agosto de 2022 para tratar uma infecção gastrointestinal, após fortes dores abdominais. Posteriormente, ele foi diagnosticado com um quadro de infecção gastrointestinal que se tornou generalizado.
Em março deste ano, Glenn fez um longo relato sobre os meses de internação do marido. “Desde a primeira semana, houve três ocasiões em que seus médicos me ligaram e nos disseram para nos prepararmos para o pior, que suas chances de sobrevivência nas próximas 48 a 72 horas eram muito baixas, quase impossíveis”, disse Greenwald na época.
Na mesma ocasião, o jornalista ainda informou que Miranda estava a maior parte do tempo acordado e conseguia conversar, apesar da traqueostomia que teve de fazer, mas ainda se mantinha ligado a uma máquina de ventilação mecânica.
Carreira política
Miranda era jornalista e nasceu no Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Jornalista, ele coordenou a campanha pelo asilo a Edward Snowden no Brasil e trabalhou com Glenn nas revelações dos programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos, efetuados pela sua Agência de Segurança Nacional.
Ativista LGBTQIA+, ele era casado com Greenwald há 17 anos. Após se filiar ao PSOL, foi eleito como o primeiro vereador gay na história da Câmara do Rio de Janeiro. Em 2019, ocupou a vaga do deputado federal eleito Jean Wyllys, que decidiu não assumir o mandato e deixou o país devido a ameaças de morte.
Em 2019, David Miranda venceu pelo voto popular o troféu “Poc Awards”, aqui do portal Gay Blog BR, na categoria “ativismo”. No ano seguinte, Miranda também foi indicado para a mesma categoria ao lado de Duda Salabert, Erica Malunguinho, Erika Hilton, Fábio Felix, Monica Benício, Pedro Melo, Todd Tomorrow e William de Lucca.
Em janeiro de 2022, Miranda anunciou que se desfiliaria do PSOL por estar incomodado com a recente aproximação do partido com o PT e com o provável apoio à candidatura presidencial de Lula em 2022. Desde março de 2022 era filiado ao PDT.