A primeira temporada do podcast Preto Positivo foi marcada pelo ensino de um verdadeiro “bê-a-bá” sobre AIDS e HIV com um olhar afrocentrado, como bem definem seus criadores Emer Conatus e Raul Nunnes. Agora, no próximo dia 4 de abril, o projeto alça voos ainda maiores com o lançamento de sua nova fase, com episódios inéditos nas plataformas de audição.
Se não bastasse a troca com especialistas, agora o Preto Positivo conta com apoio da UNAIDS e ONU Brasil. Na estreia da 2ª temporada, por exemplo, haverá uma reportagem especial em parceria com os órgãos governamentais.
As novidades não param por aí. Desta vez, serão apresentados convidados de norte a sul do país, quebrando a barreira do ano anterior, que foi gravado em um estúdio em São Paulo e que o alcance narrativo se tornou muito local, limitado ao sudeste.
“Além disso, antes o HIV era o personagem central do enredo. Já no novo formato, não estamos mais contando a história dele, mas sim as histórias das pessoas, onde ele é apenas um capítulo de um livro inteiro”, complementam Emer e Raul.
Em entrevista ao GAY BLOG BR, os dois idealizadores do projeto falam mais sobre a nova fase, as inspirações e como tem sido a luta de falar sobre uma doença tão relevante a nível global.
-O que motiva vocês a seguirem com o podcast?
Continuamos pelo nosso público e pela importância que ele dá ao nosso conteúdo. Sempre nos pedem novos episódios. Fizemos uma primeira temporada muito bonita e estivemos entre os 100 podcasts mais tocados nos últimos dois anos. Dá pra imaginar que um podcast sobre HIV faria isso?
Mesmo assim, agora somos uma produção independente. Enfrentamos alguns problemas devido à falta de patrocínio e parcerias. Nos desdobramos em outras profissões pra continuar produzindo porque a gente ama fazer isso e trabalhamos muito bem juntos.
O Preto Positivo não se tornou relevante somente no mercado de áudio, mas também como trabalho social. Somos ouvidos por médicos, enfermeiros, psicólogos, advogados, professores, deputados, e famílias. Entramos nas casas dessas pessoas, nos celulares e computadores. Não podemos desperdiçar essa oportunidade!
-Como foi o retorno da primeira fase do público e o que foi mais legal de receber de contato?
Desde o começo do projeto nos sentimos muito abraçados pelo nosso público, que inclusive já nos acompanhava antes sequer de lançarmos os episódios, ainda no processo de divulgação. Isso nos mostrou que havia demanda, uma carência de conteúdos como o nosso, chamando as pessoas negras pra debater saúde pública.
Recebemos centenas de relatos pessoais de ouvintes agradecendo pelo material que criamos. Pessoas que estavam em depressão e até mesmo planejando suicídio por receber o diagnóstico positivo e não saber como lidar com a situação. Muitos dizem que salvamos suas vidas. Por outro lado, não nos consideramos heróis. Somos comunicadores. Nós não salvamos vidas. O que salva vidas é a informação.
-Pretendem fazer o podcast voltado a outros temas no futuro, dentro do protagonismo preto e afro?
Ainda queremos debater HIV e Aids a nível internacional. Na terceira temporada, queremos contar histórias estrangeiras, de fora do Brasil. Nosso sonho sempre foi chegar nesse patamar e a cada dia isso se torna mais possível. Depois disso, poderemos pensar em outras coisas, outros temas, até porque não nos resumimos ao HIV, podemos falar sobre vários assuntos e temos outros talentos.
-Como visualizam a questão do HIV no Brasil neste momento? Temos políticas publicas eficientes?
O Brasil é referência mundial no acesso ao tratamento e prevenção de HIV e Aids. Certamente, é melhor viver aqui do que na maioria dos outros países. O SUS deve ser celebrado. Mas existe vida além dos consultórios. Não cabe ao Estado apenas garantir que continuemos vivos, mas também que tenhamos qualidade de vida. Mais do que nos manter na sociedade, é preciso garantir nossa integração a ela. Não existe nenhum plano de reeducação em massa. As informações não chegam na população. As tecnologias continuam avançando no que diz respeito às medicações, porém, o pensamento coletivo não acompanhou a ciência.
-E a política publica em relação ao LGBTQI+? Estamos evoluindo?
As políticas públicas para pessoas LBGT+ avançam à medida que nós pessoas LGBT+ avançamos. Cada conquista até aqui só foi possível com muita pressão popular. Mas a verdade é que nenhum direito está garantido. As políticas públicas são feitas para resolver problemas coletivos. Ou seja, se existe a necessidade de mais políticas é porque o problema não foi resolvido. Ainda somos o país que mais mata pessoas LGBT+ no mundo.
Hoje temos um cenário eleitoral pouco imaginado anos atrás. Elegemos candidatos LGBT+ na Câmara e no Senado. Acredito que estamos aprendendo a votar. Mesmo assim, eu sou o único da minha família que vota em pessoas LGBT+. Quantas pessoas na sua família votam em candidatos LGBT+? Só pessoas LGBT+ votam em candidatos LGBT+? É possível que a gente avance sem que a sociedade avance junto com a gente?
Podcast Preto Positivo
Nova temporada
Estreia: 04 de abril na Orelo.
Onde ouvir: Spotify, Deezer, Youtube Music, Google Podcasts, Amazon Music.
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