O Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, recebe a estreia de “Papaizinho”, espetáculo idealizado por Caio Scot em colaboração com Felipe Rocha, Júlia Portes, Lucas Cunha e Luisa Espindula. A temporada acontece entre 17 de maio e 1º de junho, com sessões às sextas-feiras, às 20h, e aos sábados e domingos, às 19h.
A montagem nasce do encontro entre Caio e o livro “Quem matou meu pai”, do escritor francês Édouard Louis. A obra funciona como provocação e estrutura base para a peça, mas não é adaptada diretamente. Também fazem parte da dramaturgia memórias do próprio Caio, registros em VHS da infância e audições realizadas com mais de cem pessoas, das quais quinze foram selecionadas para relatar suas vivências de paternidade.

“Durante o processo, fiz um trabalho de interlocução artística com o cineasta argentino Manuel Abramovic, explicitei minha vontade de testar pais para peça e o Manu falou que poderíamos levar isso pra dentro da peça. Adorei essa ideia como processo de busca desse pai, desses pais, dessas possibilidades de pais, tão distintos, tão parecidos, tão únicos – mas tão identificáveis nos clichês”, conta Caio. “As pessoas compartilharam suas histórias com uma generosidade que nos impressionou, precisávamos fazer muito pouco para que se abrissem, claramente o assunto as mobilizava”, completa Luisa.
Em cena, Caio Scot e Felipe Rocha encarnam diferentes narrativas entre pais e filhos, transitando entre o documental e o ficcional. A peça parte da solidão de um garoto gay diante de seu reflexo, tentando compreender por que era chamado de “viado”, até o reencontro, anos depois, com um pai que já não reconhece. A relação é marcada por ausência, resistência e a tentativa de reconstruir alguma forma de comunicação.
“Cada vez que a gente encarava o que era singular em cada relação, mais o tema se abria. Num mundo onde o problema do homem autoritário, violento, embrutecido é tão presente, é difícil acreditar que possa existir algo diferente. Então, o desafio foi não deixar que essas histórias (as pessoais, a do livro e as das audições), em sua maioria bem difíceis, fossem conclusivas sobre o que é um pai. A gente quer que o pai tenha a possibilidade de reinvenção”, afirma Júlia Portes.
Projeções em vídeo compõem a cena, trazendo histórias que variam desde negligência e ausência até a presença afetiva. A multiplicidade de relatos tensiona os estereótipos da figura paterna e propõe novos caminhos para entender esse papel.
“O autor do livro fala que o livro dele é um cavalo de Troia. Ele usa a relação com a sua família e a sua própria sexualidade como pano de fundo para tratar de questões como o ciclo da violência na nossa sociedade. Nós adaptamos histórias do livro entrelaçando-as com histórias do Caio, e essa mistura virou uma nova história, totalmente inventada. O livro ‘Quem matou meu pai’ virou o nosso cavalo de Troia para tratarmos de assuntos que queremos falar”, comenta Lucas Cunha.
Para Luisa Espindula, ouvir tantas histórias ajudou a desconstruir leituras maniqueístas. “Uma das belezas imensas de criar personagens é ter que humanizar o erro, tentar entender as motivações de alguém, e isso dificulta muito um processo de chegar a verdades absolutas, de achar que sabemos quem o outro é. Me sinto com o olhar mais fresco e disponível para as pessoas e suas contradições”, afirma. Júlia complementa: “Tentamos mostrar que essa relação é infinita – e que os estereótipos, que categorizam e simplificam, nos ajudam pouco (ou nada) a inventar novos jeitos de convivermos e lidarmos com as dores e alegrias desse vínculo.”
Espetáculo: Papaizinho
Temporada: de 17 de maio a 1º de junho de 2025
Horários: sextas-feiras às 20h; sábados e domingos às 19h
Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto
Endereço: Rua Humaitá, 163 – Humaitá – Rio de Janeiro, RJ
Ingressos: R$ 40 (inteira) | R$ 20 (meia-entrada)
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 90 minutos
Vendas online: riocultura.eleventickets.com
Telefone: (21) 2535-3846
FICHA TÉCNICA
Espetáculo: Papaizinho
Idealização: Caio Scot
Criação: Caio Scot, Luisa Espindula, Lucas Cunha e Felipe Rocha
Dramaturgia: Caio Scot, Luisa Espindula, Lucas Cunha, Felipe Rocha e Júlia Portes, em diálogo com a obra Quem matou meu pai, de Édouard Louis
Direção: Luisa Espindula e Caio Scot
Intérpretes: Caio Scot e Felipe Rocha
Direção videográfica: Lucas Cunha
Interlocução artística: Manuel Abramovic
Direção de movimento: Romulo Galvão
Iluminação: Lina Kaplan
Cenário: Elsa Romero
Figurino: Bruno Perlatto
Trilha sonora: Felipe Rocha e James Lau
Desenho de som: Gabriel D’Angelo
Músicas originais:
– Um troço | Um fóssil (letra e música: Felipe Rocha)
– Um novo Big Bang (música: Felipe Rocha e Jonas Sá; letra: Caio Scot, Felipe Rocha, Jonas Sá, Lucas Cunha e Luisa Espindula; produção musical: Jonas Sá; mixagem: Duda Mello)
Músicos: Felipe Rocha (Fender Rhodes), Guilherme Lírio (baixo e guitarras), Jonas Sá (sintetizadores e MPC), Pedro Fonte (bateria)
Preparação vocal: Junio Duarte
Cenotécnico: Dodô Giovanetti
Assistente de cenografia: Mariana Marton
Assistente de figurino: Evelyn Cirne
Direção de fotografia (audições): Fausto Prieto
Captação de som (audições): Dudu Falcão e Pedro Falcão
Elenco das audições: Cristina Amadeo, Daniel Almeida, Danilo Canindé, Dudu Falcão, Glaucio Gomes, Hélia Braz, Jojô Rodrigues, Jota Santos, Júlia Portes, Lívia Feltre, Murilo Sampaio, Nely Coelho, Rodrigo Trindade, Ulysse Gallier, Valdemy Braga, Vinicius Teixeira, Vinicius Volcof
Fotógrafa: Annelize Tozetto
Design gráfico e pinturas: Leandro Felgueiras
Assessoria de imprensa: Marrom Glacê Comunicação
Produção: Caio Scot, Nely Coelho
Produção executiva: Nuala Brandão
Realização: CAJU
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