Nesta terça-feira (25), até o momento do fechamento desta matéria, 20 dos seis clubes de futebol que compõem a Série A do Campeonato Brasileiro publicaram mensagens de apoio ao Dia Nacional do Orgulho Gay: Corinthians, Santos, São Paulo, Red Bull Bragantino, Fluminense e Vitória.
O Corinthians vinculou sua identidade visual às cores do arco-íris ao escrever: “Orgulho preto e branco. Amor em todas as cores.”
O Santos publicou: “O futebol é para todos. O respeito também.” A mensagem foi acompanhada por uma arte com a bandeira LGBTQIA+ ao fundo.
O São Paulo elaborou um texto mais extenso, onde afirma: “Hoje é o Dia Nacional do Orgulho Gay, importante data para refletir sobre o respeito necessário para evoluirmos enquanto sociedade. O São Paulo FC não tolera preconceito, violência ou falta de respeito. Somos todos iguais. Liberdade para que vivam sem medo; Orgulho para que vivam quem são.”
O Fluminense escreveu: “Pelo direito de existir e de amar. Por respeito e oportunidade.”
O Vitória resumiu o posicionamento com: “É um clube para todos.”
Já o Red Bull Bragantino adotou uma abordagem simbólica, afirmando: “Massa Bruta de todos.”
Entre os clubes que ainda não se manifestaram até o fechamento desta matéria estão Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Ceará, Cruzeiro, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Mirassol, Palmeiras, Sport e Vasco.
É esperada uma nova manifestação no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em 28 de junho, data marcada pela Rebelião de Stonewall, em 1969, em Nova York.
LGBTQIA+ VESTEM A CAMISA
No último dia 16, o jornalista Luis Felipe Azevedo publicou, no jornal O Globo, uma reportagem investigando um fenômeno curioso que vem se consolidando nas noites LGBTQIA+: as camisas de futebol, tradicionalmente associadas à masculinidade cisheteronormativa, têm assumido novos sentidos nas pistas de dança, transformadas em símbolos de estilo, afirmação identitária e até de erotização.
Ao jornalista, o produtor cultural carioca Fernando Alves, da festa Me Chame de Pop, percebeu essa virada desde 2022: “Até meus amigos que nem ligam para futebol estão usando. É uma forma de se destacar com uma mistura de fetiche e estilo. Faz muito sucesso”.
Conforme observado por Azevedo, a febre também ganhou força com influências pop: Rosalía, Troye Sivan, Pabllo Vittar e Anitta já surgiram com camisas de futebol em videoclipes, ensaios e paradas. No TikTok, a hashtag blokecore – estética que mistura peças esportivas com moda urbana – também impulsionou a tendência. O DJ Felipe Malfoy, da festa Baila-Baila, é um dos que apostam no look cropped com a camisa da Seleção.
“Está ganhando força principalmente em festas de música latina. A roupa da Pabllo na parada LGBT e a era Funk Generation da Anitta também ajudaram a impulsionar”, comentou Malfoy a Luis Felipe.
Mais que estilo: resgate e protesto
Em conversa com Luis Felipe Azevedo, a pesquisadora Rachel Vieira avalia que esse “boom” é reflexo de um comportamento mais crítico da Geração Z, que transforma códigos da masculinidade em símbolo de protesto, humor e estilo. “Hoje a peça é vista como bonita e vem sendo customizada. Quem a usa não precisa mais entender de futebol, mas se identificar com o estilo”, explica. Além disso, ela vê no fenômeno uma reação à repressão LGBTQIA+ em ambientes esportivos – como no Catar, sede da Copa de 2022, marcada por violações a direitos humanos.
O analista de marketing Lucas Corrêa, 28, da Zona Norte do Rio, ecoa o sentimento ao Globo: “Usar a camisa é um resgate de identidade. Homens gays sempre foram tratados como inimigos do futebol. Hoje, usar a blusa é mostrar que isso também nos pertence”.
Já o sociólogo Angelo Brandelli, da PUC-RS, disse ao jornalista que o look esportivo é também uma estratégia para ocupar espaços antes hostis: “Ao vestir a camisa de clube, homens gays ampliam as possibilidades simbólicas de ocupação de espaços, mesmo que inicialmente restritos ao circuito das festas”. Ele aponta ainda como esse movimento desafia a expectativa de masculinidade dentro da própria comunidade: “A camisa de futebol é um símbolo de virilidade que ganha novo significado quando incorporado pela comunidade LGBTQIA+”.
Do campo à pista
O assessor de marketing Gabriel Amaral, 20, da Zona Oeste do Rio, cresceu em uma família conservadora e sempre curtiu o visual esportivo. Hoje, usa camisas do Flamengo e da Inter de Milão como parte do seu visual nas festas LGBTQIA+, conforme apontado por Luis Felipe. “Elas vêm se popularizando, principalmente pelo TikTok. São uma forma fashion de se vestir e até me fazem ser mais cantado nas festas”, brinca Gabriel.
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