A Netflix lançou “Boots”, uma série que mistura drama e comédia para retratar a trajetória de militares gays nos Estados Unidos, inspirada nas memórias de Greg Cope White, autor do livro “The Pink Marine”. A produção revisita décadas de repressão e silêncio vividas por pessoas LGBTQIA+ dentro das Forças Armadas. As informações são da BBC.

Por grande parte da história americana, ser gay e servir ao Exército foram realidades consideradas incompatíveis. Desde o século XVIII, quando Friedrich Wilhelm von Steuben, conselheiro de George Washington, foi apontado por historiadores como possivelmente gay, a homossexualidade era mantida em segredo por medo de punição e expulsão.
Ainda segundo a BBC, mesmo após 1994, quando o governo autorizou o serviço de pessoas lésbicas, gays e bissexuais sob a política “não pergunte, não conte”, a discrição continuou sendo obrigatória. Essa norma proibia que militares discutissem sua orientação sexual.

A política foi revogada apenas em 2011, permitindo que essas pessoas servissem abertamente. Em 2024, o então presidente Joe Biden concedeu perdão a milhares de veteranos condenados sob o Artigo 125 do Código de Justiça Militar, que criminalizava relações entre pessoas do mesmo sexo.
Segredo, medo e resistência nas Forças Armadas
“Boots” traz essa realidade para as telas com um olhar contemporâneo. Criada por Andy Parker, a série mostra os conflitos internos e sociais enfrentados por jovens gays que ingressaram nas Forças Armadas em busca de aceitação. O protagonista Cameron, vivido por Miles Heizer, é um adolescente gay que se alista no Corpo de Fuzileiros Navais na década de 1990, pouco antes da implementação da política “não pergunte, não conte”. A história acompanha seu esforço para conciliar disciplina militar e identidade pessoal.
Conforme matéria da BBC, o escritor Greg Cope White também serviu como fuzileiro. Ele descreve o Exército como “o grande equalizador”, um ambiente em que todos deveriam ser tratados igualmente, mas onde precisou esconder quem era.

Segundo White, a série capta o paradoxo da experiência militar gay: “O Corpo de Fuzileiros Navais é um lugar para encontrar seu verdadeiro eu. Mas eu não podia ser meu eu verdadeiro e não conseguia continuar sendo falso com as pessoas que eu tanto admirava e respeitava”. O escritor deixou o serviço após seis anos, esgotado pela necessidade de mentir sobre sua vida.
O criador da série afirma que “Boots” busca mostrar o que havia de humano sob a rigidez militar. “Nosso principal personagem gay certamente tem um segredo que traz riscos muito altos para ele naquele ambiente, mas todas as pessoas que ele conhece também têm algo a esconder ou um motivo para fugir”, explicou Parker.

“Boots” está disponível na Netflix.
Série destaca rotina de recrutas gays em acampamento da Marinha nos anos 1990
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